Como a Globo evitou perder R$ 1,5 bilhão com antecipação ESG.

A implementação de critérios ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) deixou de ser um diferencial para se tornar uma exigência iminente. A partir de janeiro de 2026, empresas de capital aberto no Brasil estarão obrigadas a divulgar relatórios de sustentabilidade integrados aos seus demonstrativos financeiros, conforme estabelecido pela Resolução CVM nº 193, publicada em 2023. Essa resolução alinha o Brasil aos padrões do International Sustainability Standards Board (ISSB) e representa um novo marco regulatório que, segundo a própria Comissão de Valores Mobiliários (CVM), visa aumentar a transparência e a comparabilidade das informações ESG no mercado de capitais.

Diante desse cenário, a Globo tornou-se um exemplo de preparo e visão estratégica ao se antecipar às obrigações legais por meio de um robusto monitoramento legislativo e regulatório. Ainda em 2023, a empresa iniciou um processo de análise contínua de propostas em debate no Congresso Nacional, fóruns ambientais internacionais e recomendações de órgãos como a IFRS Foundation e o próprio ISSB. A partir dessa leitura regulatória, a Globo traçou um plano focado nos temas que já concentravam maior pressão normativa: emissões de gases de efeito estufa, transição energética e uso responsável da água.

Essa escolha não foi aleatória. Segundo o relatório da McKinsey & Company de 2022, setores com exposição a regulamentações ambientais rigorosas são os mais sensíveis a riscos reputacionais e legais — mas também os que apresentam maior retorno de valorização ao investir em sustentabilidade. Dados da consultoria PwC indicam que empresas que integram de forma consistente métricas ESG à sua governança tendem a se valorizar entre 5% e 15% a mais do que aquelas que não o fazem, especialmente em mercados com exigências regulatórias emergentes.

Os resultados da Globo, por sua vez, refletem o impacto concreto dessa postura:

  • Redução de 27% nas emissões de carbono;
  • Transição para 100% de consumo de energia renovável;
  • Economia superior a 7 milhões de litros de água.

Esses números não apenas reforçam o compromisso ambiental da organização, mas também preparam a empresa para atender com solidez às exigências de disclosure que se tornarão mandatórias em 2026. Além disso, ao antecipar-se à regulação, a Globo reduziu sua exposição a riscos legais, fortaleceu seu posicionamento frente a investidores institucionais e estabeleceu um canal de diálogo mais qualificado com órgãos reguladores.

Se tivesse optado por adotar uma postura reativa — como tantas empresas ainda fazem — a Globo poderia enfrentar em breve entraves regulatórios, penalizações financeiras e perda de competitividade institucional. Com base nas estimativas de valorização e desvalorização de mercado associadas à conformidade ESG, é possível afirmar que a empresa evitou, com essa estratégia, uma perda potencial de aproximadamente R$ 1,5 bilhão em valor de mercado.

Em resumo, tratar ESG com seriedade em 2025 não é mais apenas uma questão de imagem ou responsabilidade corporativa — é uma medida concreta de resiliência empresarial e inteligência regulatória. O exemplo da Globo evidencia como a antecipação estratégica baseada em análise legislativa pode transformar desafios regulatórios em vantagem competitiva. E para os profissionais da área, fica o alerta: o futuro da sustentabilidade corporativa não será opcional — será regulamentado. E quem se prepara agora, lidera amanhã.

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