82% das empresas já investem em tecnologia para compliance — o que isso significa para o futuro da gestão regulatória?

A digitalização do compliance deixou de ser tendência para se tornar realidade. A PwC Global Compliance Study 2025 mostra que 82% das empresas planejam ampliar investimentos em tecnologia para compliance, confirmando que a transformação tecnológica se tornou prioridade global em um ambiente regulatório marcado por volatilidade e complexidade crescentes.

Os dados reforçam esse movimento: 82% das organizações utilizam tecnologia em treinamentos de colaboradores, 76% na avaliação de riscos, 75% no monitoramento de transações, 75% em due diligence de clientes e 72% em relatórios regulatórios. Além disso, quase metade (49%) afirma utilizar tecnologia em 11 ou mais atividades de compliance, indicando que a automação não é mais restrita a áreas pontuais, mas se consolidou como um eixo transversal da gestão regulatória.

Os benefícios reportados são consistentes. 64% das empresas destacam maior visibilidade de riscos, 53% apontam maior velocidade de resposta a incidentes, 48% relatam relatórios mais claros para a tomada de decisão, enquanto 46% destacam mais confiança nas decisões estratégicas e 43% ganhos de produtividade e eficiência. Esses resultados mostram que tecnologia em compliance não é apenas sobre redução de custos, mas sobretudo sobre qualidade e tempestividade na resposta regulatória.

Ainda assim, persistem fragilidades. Para 63% dos executivos, a fragmentação dos dados é um obstáculo central. 56% apontam problemas de confiabilidade, 47% citam indisponibilidade de dados, e o mesmo percentual relata escassez de habilidades especializadas para lidar com esse volume crescente de informações. Isso evidencia que o desafio não é apenas tecnológico, mas também de gestão de dados e capacitação de equipes.

O próximo vetor de transformação é a inteligência artificial. O estudo mostra que 71% das organizações acreditam que a IA terá impacto positivo no compliance, mas 32% ainda não iniciaram nenhum projeto. Entre as que já adotaram, 46% aplicam IA em análise preditiva de dados e 36% em detecção de fraude. Quando combinada a uma governança sólida de dados e a políticas robustas de cibersegurança, a IA tende a redefinir a forma como empresas gerem riscos regulatórios.

O recado do relatório é direto: a questão não é mais se as empresas vão adotar tecnologia, mas em que velocidade conseguirão integrá-la de maneira eficaz. A transformação digital já deslocou o compliance de uma função restrita a controles reativos para um papel estruturante da gestão regulatória — fornecendo suporte estratégico à inovação, à tomada de decisão e à competitividade em mercados altamente regulados.

Fonte: PwC, Global Compliance Study 2025.