O setor financeiro gasta, em média, US$ 30,9 milhões por ano em compliance — cinco vezes mais que outros setores

O setor financeiro tornou-se o exemplo mais evidente de hiper-regulação desde a crise de 2008. A lista de obrigações é extensa: Basileia, prevenção à lavagem de dinheiro (AML), GDPR, regras de capitalização e fiscalizações permanentes de órgãos nacionais e internacionais. Nesse ambiente, falhar não significa apenas pagar multas milionárias, mas também enfrentar restrições operacionais, perda de licenças e danos irreversíveis à credibilidade.
Na saúde, a pressão regulatória é uma das mais altas entre os setores analisados. Hospitais, farmacêuticas e operadoras precisam atender a licenças sanitárias, protocolos clínicos rigorosos e legislações de privacidade como HIPAA e LGPD. Para 84% das organizações, a complexidade regulatória aumentou nos últimos anos — índice próximo ao registrado pela indústria (86%) e apenas ligeiramente abaixo do setor financeiro (90%). Em muitos casos, os custos chegam a representar até 12% das despesas operacionais. A adoção de tecnologias — como prontuários eletrônicos integrados, blockchain para rastrear insumos e auditorias clínicas digitais — já amplia a capacidade de gestão, mas falhas seguem custando caro. No Brasil, autuações da Anvisa evidenciam que a governança regulatória na saúde exige vigilância permanente.
A indústria e o setor de bens de consumo também figuram entre os mais pressionados. 86% das empresas industriais e 83% das de consumo confirmam aumento das obrigações nos últimos anos, seja em normas ambientais, de segurança do trabalho ou de qualidade. A indústria química, de energia e de petróleo está entre as mais impactadas por regulações ambientais, enquanto tecnologia e bens de consumo lidam cada vez mais com padrões de privacidade e rastreabilidade.
Nos setores de tecnologia, mídia e telecomunicações (TMT), 81% das empresas relatam crescimento da complexidade regulatória, com foco em proteção de dados e regulação digital. Embora ligeiramente abaixo de saúde, indústria e financeiro, o índice ainda é elevado e mostra que a pressão regulatória é transversal. Não por acaso, a PwC identificou que 64% dos CEOs globais enxergam a regulação como barreira à inovação, ao mesmo tempo em que reconhecem que um compliance eficaz pode se tornar diferencial competitivo.
O ponto comum entre todos os setores é inequívoco: a complexidade regulatória cresce em diferentes intensidades, mas em ritmo inevitável. Empresas que tratam compliance apenas como custo reativo perdem espaço. Já aquelas que transformam a gestão regulatória em ferramenta estratégica, apoiada em dados e tecnologia, conseguem não apenas reduzir riscos, mas também consolidar confiança e vantagem competitiva.
📊 Fontes: PwC – Global Compliance Study 2025; PwC – 27ª Pesquisa Global de CEOs (2024)



