Tendência global de medidas comerciais: restrição supera liberalização

Nos últimos dez anos, os dados apontam um crescimento consistente das medidas restritivas no comércio internacional. De acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a plataforma Global Trade Alert, em 2024 foram adotadas 1.899 medidas restritivas, contra 636 iniciativas de liberalização. A proporção se manteve estável em anos anteriores: 1.603 em 2022 e 1.912 em 2023, sempre superando em muito as ações favoráveis à abertura comercial.

Relatórios da UNCTAD e da OMC destacam que as economias do G-20 intensificaram a adoção de medidas unilaterais, incluindo tarifas, cotas, barreiras técnicas e subsídios setoriais. Em 2024, essas políticas afetaram aproximadamente US$ 2,3 trilhões em fluxos de comércio, valor equivalente a 12,7% do comércio do bloco (Sandler, Travis & Rosenberg, P.A.; InsideTrade).

A série histórica mostra que o endurecimento não é pontual: em 2015 havia cerca de 750 medidas restritivas, número que saltou para quase 2.400 em 2018. Desde então, manteve-se em níveis elevados, com redução apenas marginal. Enquanto isso, as medidas de liberalização permaneceram abaixo de 650 ao ano em todo o período (Global Trade Alert; TMDB; InsideTrade).

Esse quadro tem impactos diretos sobre cadeias produtivas globais e gera incerteza regulatória. Para países com economias fortemente integradas ao comércio internacional, como o Brasil, acompanhar essas movimentações é essencial. Decisões normativas adotadas em outros mercados tendem a repercutir sobre exportadores nacionais, setores estratégicos e investimentos externos.

Diante disso, o monitoramento sistemático das medidas comerciais globais tornou-se parte da gestão de risco regulatório. Plataformas especializadas permitem identificar em tempo real novas tarifas, barreiras técnicas ou cotas, bem como avaliar seus efeitos sobre setores específicos. O acompanhamento contínuo fornece subsídios para ajustes de estratégia comercial, apoio à negociação internacional e prevenção de impactos sobre cadeias de valor.


Fontes:
OMC; Global Trade Alert; UNCTAD; Sandler, Travis & Rosenberg, P.A.; InsideTrade; Reuters.