Inteligência regulatória como diferencial estratégico: o papel do Nubank na construção do sistema financeiro do futuro

No Brasil, a ascensão das fintechs tem redefinido a dinâmica do sistema financeiro, e o Nubank é um dos protagonistas dessa transformação. Muito além de sua interface amigável e soluções digitais acessíveis, a atuação estratégica do banco se alicerça em pilares sólidos de inteligência regulatória — uma abordagem que não apenas garante conformidade, mas antecipa tendências, molda normas e constrói legitimidade.

Um exemplo emblemático dessa postura proativa foi sua participação nas discussões técnicas que antecederam o lançamento do Pix, sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central (Bacen). Enquanto a maioria das instituições financeiras ainda aguardava o desfecho da proposta, o Nubank já estava à mesa de negociações, contribuindo tecnicamente com a construção de uma das maiores inovações financeiras do país. Em 2024, o Pix já superava a marca de 158 milhões de usuários cadastrados e era responsável por mais de R$ 17 trilhões movimentados anualmente, segundo o próprio Bacen — consolidando-se como uma ferramenta essencial da economia brasileira.

Além disso, o Nubank é membro ativo do LIFT (Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas), iniciativa do Bacen que reúne empresas para experimentar soluções tecnológicas com potencial de regulamentação futura. Essa atuação demonstra que a instituição não apenas responde ao ambiente regulatório — ela ajuda a desenhá-lo. A inovação, nesse contexto, não é apenas tecnológica: é estratégica, institucional e normativa.

Esse posicionamento ficou ainda mais evidente em 2023, durante a Consulta Pública nº 93, promovida pelo Banco Central, que discutia se instituições financeiras não tradicionais poderiam utilizar o termo “banco” em sua comunicação e marca. O Nubank defendeu publicamente e com embasamento técnico que fintechs com estrutura e licenciamento adequados deveriam ter esse direito. A razão é simples, mas profunda: a percepção de segurança e legitimidade aumenta significativamente quando uma empresa pode ser reconhecida como banco, o que influencia diretamente sua capacidade de atrair clientes, firmar parcerias e acessar serviços antes restritos às instituições bancárias tradicionais.

Vale lembrar que essa virada institucional começou em 2017, quando o Nubank recebeu licença do Bacen para operar como banco múltiplo, ganhando autonomia para oferecer diretamente contas e crédito. Esse novo status jurídico o reposicionou de forma definitiva no setor: de uma fintech desafiadora à protagonista do sistema financeiro regulado, com responsabilidades, supervisão e voz ativa nas decisões de mercado.

Esse papel de liderança só é possível graças a uma robusta arquitetura de governança e gestão de riscos. O Nubank adota o modelo internacional das três linhas de defesa, amplamente utilizado entre grandes instituições financeiras:

  • Primeira linha de defesa: composta pelas áreas de negócio — como crédito, operações e atendimento — que gerenciam os riscos diretamente, ajustando limites e critérios operacionais diante de sinais de alerta.
  • Segunda linha: formada por equipes de Risco, Controles Internos e Compliance, que operam com base em políticas claras e supervisionam o respeito aos limites estabelecidos pelo Conselho de Administração.
  • Terceira linha: a Auditoria Interna, independente das demais, que audita os processos e reporta diretamente ao Comitê de Auditoria, garantindo uma visão crítica e imparcial sobre a eficácia dos controles.

Complementarmente, o Nubank realiza testes de estresse periódicos, simulando cenários adversos — como altas taxas de inadimplência, falhas sistêmicas ou crises de liquidez — para avaliar a resiliência operacional e financeira da empresa. Essa prática é considerada uma das melhores medidas de governança corporativa no setor financeiro, conforme apontado pelo Comitê de Supervisão Bancária da Basileia.

O preparo institucional do Nubank também foi posto à prova em 2022, quando o Banco Central comunicou o vazamento de dados de chaves Pix. A reação da instituição foi imediata: notificação transparente aos clientes, revisão de processos internos e plena conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Essa agilidade evitou consequências severas, como as multas previstas de até R$ 50 milhões por infração, além de sanções da Resolução BCB nº 342, que desde 2023 exige comunicação imediata em casos de vazamento de dados.

Ao contrário de empresas que esperam a regulamentação para se adaptar, o Nubank mostra que a atuação com inteligência regulatória permite que uma instituição antecipe normas, ganhe credibilidade e amplie sua influência institucional. Em um ambiente regulado, inovar com responsabilidade e participar da formulação das regras é o que separa os líderes dos demais.

A jornada do Nubank evidencia um caminho para outras fintechs e startups financeiras: para escalar com solidez, é necessário muito mais do que boas ideias e tecnologia de ponta. É preciso também construir institucionalidade, investir em governança e participar ativamente da regulação do setor que se quer transformar.

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